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Posted by : Zark
31 de out. de 2015
OBS: Para melhor imersão acesse https://www.youtube.com/watch?v=JNJJ-QkZ8cM e ouça a musica. Se se sentir mal lendo, pare.
Lá estava eu
naquele lugar frio e molhado, não sabia se era a realidade,
imaginação ou sonho. Estava deitado sobre algo molhado e grudento,
estava muito escuro para identificar o que era aquele liquido
repulsivo. Tentava me levantar, mas não conseguia, algo me prendia,
talvez fosse aquele liquido gosmento, mas não tinha certeza. Sentia
muito frio, meus lábios se secaram, minha garganta ficou seca, meus
olhos ressecaram, e minha visão não se acostumava com a escuridão.
E o tempo passou, não sei quanto exatamente, tinha perdido a noção,
tentava dormir, mas também não conseguia, aquilo só podia ser o
inferno. E mais tempo passou, estava faminto, cansado, dolorido e com
frio, muito frio. Me disseram uma vez que depois de sentir muito
frio, a pessoa se acostumava e parava de sentir. Todos eram
mentirosos. O frio apenas aumentava com o tempo. E o pior era o
insuportável liquido que me prendia, não aguentava mais, tinha que
sair daquele lugar. Tentei me levantar varias vezes, mas sempre era
puxado de volta bruscamente. Não desistiria, poderia até morrer,
mas não sem lutar. Tentava. Tentava. Tentava. E Tentava. Não
conseguia, mas tentava. Já sentia meu corpo fraco, não tinham mais
força para mexer nenhum músculo, mas não podia desistir. Fechei
meus olhos e respirei profundamente e tentei mais uma vez. Poderia
não conseguir levantar, mas aquela ultima tentativa tinha sido
diferente, podia estar mais fraco, mas o liquido parecia me puxar
menos. Foi então, quando tinha levantado suficiente para ver o que
havia na minha frente, eu parei de fazer força e fui puxado com
tanta força que bati minha cabeça causando tanta dor que não
aguentava. Por que eu parei de fazer força? Quando eu conseguir ver
o que havia na minha frente eu vi uma criatura de corpo escamoso
todo queimado, e por cima de sua cabeça havia um cranio quebrado
sujo de sangue, mas o que realmente me assustava eram seus olhos
sedentos por sangue. Teria sido minha imaginação, estava louco? Não
tinha certeza do que tinha visto, se era real ou imaginação.
Resolvi olhar novamente. A curiosidade me deu forças para tentar me
levantar de novo, e finalmente depois de varias tentativas conseguir
ver o que havia na minha frente, a criatura de olhos sedentos por
sangue, estava lá, ela realmente estava lá. Foi quando eu percebi
que aquela criatura era um Cubone, mas não qualquer Cubone, já
tinha o conhecido. Quando eu era mais novo, adorava brincar pela
floresta, ela era calma, fresca e seu ar limpo. Adora o silencio que
ecoava nela, podia si ouvir poucas coisas, não havia nem humanos nem
Pokémons naquele lugar, eu ouvia apenas o som bonito do vento
batendo nas folhas das arvores, era meu lugar preferido para brincar.
Então em um dia de primavera, quando as cerejeiras floresciam em
folhas rosas, eu encontrei um pequeno Pokémon perdido e assustado,
ele usava um cranio em sua cabeça, logo percebi que era um Cubone,
tentei me comunicar com o pequenino, mas ele sempre sentia medo e se
afastava. Resolvi voltar para casa e no outro dia o Cubone ainda
estava lá naquela floresta escondido. Comecei a visitá-lo todo dia,
levando comida e tentando me aproximar mais do pequenino. Pequenino?
Quem sou eu para falar, naquele época eu também era uma criança.
Depois de incontáveis dias, finalmente, o Pokémon perdeu se medo e
se aproximou, a partir dai começamos a brincar juntos, tínhamos
virados grandes amigos. Todo dia eu ficava ansioso para poder visitar
meu querido amigo, sempre ia lá, SEMPRE. Tudo estava indo muito bem,
nos estávamos muito felizes, mas então … Os Shakugans chegaram.
Eram que nem uma tempestade, por onde passavam tudo era destruído,
tudo se desmoronava e tudo era queimado. Quando finalmente chegaram a
minha casa a única coisa que eu pode ver foram cinzas, não tinha
sobrado nada. Corri para o meio da floresta, precisava encontrar o
Cubone, tinha que avisá-lo do ocorrido, tinha que protegê-lo, mas
me desespero em encontrá-lo era tão grande que eu cometi um erro,
um erro terrível que custaria meu amigo. Fui perseguido. Depois de
procurá-lo por muito tempo, eu finalmente encontrei Cubone. Foi um
erro. E foi avisar para ele fugir. Outro erro. Os Shakugans me viram,
me pegaram e o Cubone também. Estava presos e assutados. Mas Cubone,
não tinha desistido, ele atacou um dos perseguidores, assim
fazendo-o me soltar, mas ele ainda estava preso. Olhei para os olhos
de Cubone, eles pediram ajuda. Eu podia ajudá-lo, sabia que podia.
Cubone me salvará, poderia salvá-lo também. Mas não o ajudei,
estava tão atormentado e com tanto medo que o deixei e sai correndo.
Quando o homem que havia derrubado se levantou, ele estava com tanta
raiva do Cubone, que quando eu olhei para atrás e vi seus olhos
sedentos por sangues, os mesmos que estou vendo no Cubone agora. O
homem fez impensável e colocou fogo no pequenino. Enquanto eu
corria, tentava não olhar para atrás, mas era inevitável os
gritos de dor e agonia do meu amigo. Se é que ainda podia chamá-lo
assim. Esse era o Cubone que eu via agora, o coitado que morrerá
naquele dia. Foi minha culpa. Era por isso que eu estava ali, preso
por aquele liquido estranho, estava pagando pelos meus pecados. Parei
de fazer força e voltei-me a deitar no chão. Devia receber aquela
punição? Eu me perguntava, não tinha a resposta, mas não tinha
mais determinação para me levantar. Eu sentia que o Cubone
continuava me olhando, não podia fazer nada apenas aceitar. Um
grito. Foi isso que eu ouvi. Eram minhas lembranças ou alguém
gritava no momento. Depois de outro grito, a escuridão começou a
desaparecer e finalmente o lugar onde eu estava foi clareado e pode
ver aonde eu estava. Fiquei aterrorizado, eu estava no meio de um
cemitério, onde não havia ninguém, apenas eu e o Cubone. O que me
deixava mais aterrorizado era a verdade por traz daquele liquido
repulsivo. Era sangue. Depois de tudo estar visível, eu consegui me
levantar, estava coberto de sangue, que nem lembrava mais minha cor
da pele. Vi uma torre atrás do pequeno Cubone. Ele me olhou
novamente com aqueles olhos e começou a correr para a torre. Eu
queria entender tudo aquilo e corri atrás dele, mas quando entrei na
torre vi apenas ossos, tripas e sangue. Eram resto mortais de pessoas
e Pokémon, estavam guardados naquela torre. Também pode ver uma
escada, que era onde Cubone estava, ao me ver ele começou a subir as
escadas, fui atrás dele. Depois de horas subindo aquelas escadas,
não sabia quantos andares já tinha passado, só queria me encontrar
com o Cubone. Depois de finalmente chegar no ultimo andar, me
encontrei com Cubone. O ultimo andar era diferente não tinha ossos,
nem nada, apenas um pequeno altar onde havia um cálice dourado em
cima, onde Cubone estava ao lado. Foi quando ouvi uma voz infantil me
dizendo “Este é o Cálice Sagrado, o supremo item que pode
realizar qualquer desejo.”, a voz era rouca e meio tenebrosa. Era o
Cubone? Não tinha certeza, mas algumas palavras ficaram na minha
mente, será mesmo que eu podia realizar qualquer desejo com aquilo.
Então ouvi outro sussurro “Para poder desejar precisa apenas beber
o próprio sangue no Cálice.” Cheguei mais perto do altar, tentei
falar com o Cubone, mas não me respondia, apenas ficavam fitando o
Cálice. Tentei tocá-lo, mas ele não era palpável, minha mão
arrevesava seu corpo, não podia tocar meu Cubone, afinal ele estava
morto. Finalmente alcancei o Cálice e percebi que havia uma pequena
faca dentro, provavelmente para poder me cortar e encher o Cálice do
meu sangue. Não sabia se devia fazer, mas ao ver o Cubone ao meu
lado, sabia que deveria salvar meu amigo, mesmo depois de ter perdido
a chance. Peguei a faca e fiz um corte na minha mão. Foi uma dor
agonizante, mas era suportável. Depois do Cálice Sagrado esta cheio
de meu sangue, o segurei, estava receoso, mas olhei novamente ao
Cubone e bebi de um vez. Assim que terminei, fiz o meu desejo, poucos
segundos depois os ferimentos do pequeno Cubone sumiram, tentei
tocá-lo e consegui, ele estava vivo novamente. Estava muito feliz,
lagrimas escorem em meu rosto, mas então. Senti um miserável dor em
meu peito, era algo tão forte que nunca sentirá antes, quando
percebi estava com um buraco no peito, cai lentamente no chão, e a
ultima coisa que eu pude ver foi Cubone segurando um osso cheio de
sangue em sua mão, mas o pior de tudo eram seus olhos sedentos por
sangue. Fechava os meus olhos e a ultima coisa que ouvi foi um riso
de criança muito perturbador. Sentia angustia, desespero e medo ao
ouvi-lo, mas também sentia pena. Aquela não era uma risada de
felicidade e sucesso, mas de dor, angustia e …
…
Solidão
Notas do Autor:
Quase não deu tempo
de lançá-lo no dia 31, mas consegui. Esse foi um capítulo especial
de comemoração ao Halloween, espero que tenham gostado, foi a
primeira vez que escrevi algo assim, mas foi divertido de escrever.
Um fato interessante desse capítulo é que ele faz parte de um
conjuntos de Lendas de Kanto na fanfic Pokémon ThunderStorm, também
escrita por mim. No caso em ThunderStorm esse pequeno conto é apenas
uma lenda, ela ainda não foi apresentada na fanfic, mas será
futuramente, assim como outras lendas, e terá um papel relevante
para historia, claro que não é obrigado ler “Os
olhos sedentos por sangue” para ler ThunderStorm nem vice-versa. Espero que tenham gostado do capítulo e
tenham ficado com medo, hehehehehe. Ou pelo menos aflitos. Bem é
isso e boa noite.